O Dia Internacional da Mulher é uma celebração mundial, celebrado anualmente em 8 de março, que reconhece as conquistas das mulheres e destaca a luta contínua pela igualdade de gênero.
No Brasil, essa data não apenas comemora as vitórias alcançadas, mas também serve como uma forma de discussão e lembrete sobre a desigualdade de gênero e a situação das mulheres no mercado de trabalho.
Apesar de avanços significativos ao longo dos anos, elas ainda enfrentam desafios profissionais. A disparidade salarial persiste, com as mulheres ganhando menos que os homens em posições equivalentes.
Além disso, questões como o assédio sexual e a falta de oportunidades de crescimento profissional continuam a ser obstáculos enfrentados pelas mulheres.
Entenda melhor a história do Dia Internacional da Mulher e a luta delas ao longo dos anos!
Participação e desafios das mulheres no mercado de trabalho no Brasil
A partir de 1962 as mulheres brasileiras puderam trabalhar no mercado formal sem a necessidade da autorização do marido. Atualmente, segundo a projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que a participação das mulheres no mercado de trabalho deve chegar a 64,3% em 2030.
Elas começaram a entrar no mercado de trabalho formal, inicialmente em setores como educação, enfermagem e trabalho doméstico. Com o passar das décadas, a participação feminina se expandiu para outros setores, embora ainda com várias barreiras pelo caminho.
Em 2024 as mulheres colocadas em situações nas quais são orientadas a seguir áreas que trabalhem cuidados com o outro, como também profissões nas quais a feminilidade prevaleça, mesmo com boas qualificações profissionais.
Essa realidade reflete logo nos processos seletivos. De acordo com um estudo realizado pela Infojobs com mulheres no mercado de trabalho, 89% das entrevistadas acreditam que em áreas predominantemente masculinas, como engenharia ou tecnologia, ser mulher pode influenciar no resultado de uma entrevista de emprego.
Ainda dentro dessa realidade para as mulheres no mercado de trabalho, 27% delas acreditam que um dos grandes desafios é conquistar uma oportunidade de emprego. Outras 26% falam sobre a dificuldade de ter reconhecimento e crescer profissionalmente.
Além disso, outros pontos se tornam grandes desafios para as mulheres avançarem em suas carreiras no mercado de trabalho no Brasil:
Desigualdade salarial
Outra barreira para as mulheres tem sido a desigualdade salarial. Apesar de avanços significativos em termos de educação e participação no mercado de trabalho, as mulheres ainda ganham, em média, menos que os homens pelas mesmas funções.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que as mulheres recebem, em média, 78% do salário dos homens para o mesmo trabalho, o que representa uma diferença de 22%.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, IBGE (2023) também pontuou que as mulheres negras são as mais afetadas pela desigualdade salarial, recebendo 44% do salário dos homens brancos, enquanto as mulheres brancas recebem 77% do salário dos homens brancos.
Dupla jornada de trabalho
E as complicações seguem com outro desafio constante que é a conciliação entre trabalho e vida pessoal, especialmente considerando a maternidade, os cuidados com a família e, claro, atividades domésticas, resultando na dupla jornada.
Ainda segundo a Infojobs, 87% das entrevistadas afirmaram vivenciar a dupla jornada de trabalho. Além disso, 48% revelaram que não contam com uma rede de apoio ou ajuda de parceiros para as funções.
O assédio no ambiente de trabalho continua a ser um ponto crítico. O estudo da Infojobs mostrou que, em 2023, 74% das mulheres entrevistadas já experimentaram situações de assédio ou preconceito em suas vidas profissionais.
Comparado a 2022, quando a taxa era de 52%, a situação mostra um preocupante crescimento. Desse total, 72% dos casos foram realizados pelos seus superiores, o que mostra, também, um abuso de poder.
Entretanto, a Lei nº 14.457/2022 trouxe novas medidas para combater esse problema. Todas as empresas com mais de 20 funcionários devem realizar treinamentos anuais para prevenir o assédio sexual e outras formas de violência no ambiente de trabalho.
Além disso, é obrigatório estabelecer canais de denúncia e investigação para lidar com esses casos. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para criar ambientes de trabalho verdadeiramente seguros
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Liderança feminina no mercado de trabalho
Apesar dos avanços nas discussões sobre igualdade de gênero no ambiente corporativo, a presença feminina em cargos de liderança e C-level continua abaixo do ideal.
Os dados da Infojobs revelam uma disparidade preocupante: enquanto os homens ainda dominam essas posições, as mulheres lutam para conquistar seu espaço.
Estudos, como os da Harvard Business Review, indicam que equipes lideradas por mulheres alcançam resultados significativamente melhores. Um aumento de 43% na satisfação dos clientes é apenas uma das muitas estatísticas que destacam o potencial das líderes femininas.
Apesar disso, a realidade nas organizações ainda está longe do ideal. A maioria das mulheres entrevistadas relata nunca ter trabalhado em uma empresa onde a presença feminina na liderança superasse a masculina.
As informações do Ministério da Economia mostram que as mulheres ocupam apenas 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência.
Mulheres no ensino superior no Brasil
Ainda que as mulheres brasileiras encontrem dificuldades de ingresso ao mercado de trabalho, elas são a maioria no ensino superior. Segundo dados do IBGE, em 2023, elas representavam 57,2% das matrículas.
Além disso, as mulheres não apenas ingressam em maior número, mas também concluem seus cursos, correspondendo a 56,8% dos formandos da graduação, de acordo com informações do INEP.
Esses números também aparecem nas pós-graduações stricto sensu, já que representam 55,8% dos mestres e 56,3% dos doutores.
Entretanto, ainda sim, para conseguir cargos melhores, em grandes empresas, é importante investir na educação superior, seja em cursos de graduação ou especializações. Confira algumas instituições de ensino superior que oferecem essas formações:
A história do Dia Internacional da Mulher tem raízes nas lutas femininas por melhores condições de trabalho e direitos. Embora muita gente pense que a data surgiu de uma única manifestação, a realidade é que ela é fruto de várias lutas e movimentos ao longo dos anos.
No final do século XIX e início do XX, as mulheres começaram a se organizar mais ativamente, reivindicando direitos trabalhistas, como jornadas de trabalho mais justas, e o direito ao voto.
Um dos marcos nessa jornada foi uma greve em 1908, onde mulheres têxteis de Nova York foram às ruas exigir melhores condições de trabalho depois de um incêndio, que resultou na morte de mais de 140 trabalhadores, a maioria mulheres.
Esse movimento foi tão significativo que, em 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhague, a líder do movimento socialista Clara Zetkin propôs a criação de um dia internacional da mulher.
Mas só em 1975 que a data foi oficialmente adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), devido à sua importância nos direitos e da igualdade para as mulheres em todo o mundo.
Importância do Dia Internacional da Mulher atualmente
Atualmente a data é um lembrete anual das lutas passadas e das que ainda é necessário enfrentar. É um dia de celebração, sim, mas também de protesto e conscientização sobre as disparidades de gênero que persistem, especialmente no mercado de trabalho.
No Brasil, a data é marcada por eventos, marchas e debates sobre temas como igualdade de salários, combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, e a importância da representatividade feminina em posições de liderança.
Ainda existem muitos desafios, mas o Dia Internacional da Mulher é um momento importante para dar visibilidade a essas questões e mobilizar a sociedade para boas mudanças.
