Anne Frank (1929 – 1945) é uma das principais figuras históricas do século XX, com uma biografia que emociona e traz reflexões sobre um dos períodos mais tristes da modernidade: a opressão nazista e a Segunda Guerra Mundial.
Confira a seguir todos os detalhes sobre como foi a vida de Anne Frank, suas origens, relacionamentos e seus diários que relatam o período enquanto se escondia da perseguição aos judeus na Alemanha nazista.
Quem foi Anne Frank?
Anne Frank foi uma jovem alemã de origem judaica que ficou mundialmente famosa após a publicação póstuma de seus diários, escritos durante o período de perseguição antissemita do regime nazista, quando ela se manteve escondida com sua família nos cômodos secretos de um prédio comercial em Amsterdam, na Holanda.
Origens
Anne nasceu na cidade de Frankfurt, no dia 12 de junho de 1929. Frankfurt é uma das maiores cidades da Alemanha e fica a cerca de 500 quilômetros da capital Berlim. A cidade se tornou um campo de guerra durante os conflitos da II Guerra Mundial.
Entretanto, durante os acontecimentos narrados no diário, Anne já estava morando na cidade de Amsterdam. Ela e sua família haviam migrado de país pouco tempo após a eleição de Adolf Hitler e seu Partido Nazista, preocupados com a situação dos judeus na região que começaram a ser responsabilizados pelas dificuldades econômicas e sociais no país.
Na Holanda, Anne frequentava uma escola holandesa, aprendeu sua nova língua, fez amigos e vivia como qualquer criança de sua época, com destaque para a disciplina de História, e pelo hábito de gostar de ler e de escrever.
Conforme vai crescendo, Anne vai observando ao seu redor geográfico um ambiente de instabilidade política muito forte e começa a perceber que as perseguições às pessoas de origem judaica não param de crescer. Ambos fatores vão trazer as piores e últimas experiências de sua vida.
Personalidade
Anne era uma garota estudiosa, que tinha sonhos, dúvidas e inseguranças comuns às garotas de sua idade. Em seus diários, podemos perceber a relação com sua família, com sua irmã e suas brigas com sua mãe. Posteriormente, conforme vai amadurecendo, a própria Anne faz uma autorreflexão sobre suas atitudes e escritos envolvendo sua família.
Em seu diário, Anne também comenta sobre o relacionamento com outras pessoas do esconderijo, como o jovem Peter van Pels, único garoto no local e com quem teve uma breve paixão.
Sua paixão pela escrita ficava evidente em seus escritos. Confira um trecho retirado de seu diário, onde ela conta sobre como via com importância o hábito de escrever e relatar seu cotidiano, na esperança de um futuro onde ela poderia trabalhar neste ofício:
“Finalmente percebi que devo fazer meus trabalhos escolares para não ser ignorante, para seguir na vida, para me tornar jornalista, porque é isso que eu quero! Sei que sei escrever…, mas resta saber se realmente tenho talento… E se não tenho talento para escrever livros ou artigos de jornal, sempre posso escrever para mim. Mas quero alcançar mais do que isso. Não consigo me imaginar vivendo como mamãe, sra. van Daan e todas as mulheres que trabalham e são esquecidas. Preciso ter algo além de marido e filhos para me dedicar! …
Quero ser útil ou trazer prazer a todas as pessoas, mesmo aquelas que nunca conheci. Eu quero continuar vivendo mesmo depois da minha morte! E é por isso que sou tão grata a Deus por ter me dado esse dom, que posso usar para me desenvolver e expressar tudo o que está dentro de mim! Quando escrevo, posso me livrar de todas as minhas preocupações. Minha tristeza desaparece, meus espíritos são revividos! Mas, e essa é uma grande questão, serei capaz de escrever algo ótimo, algum dia me tornarei jornalista ou escritora?” — Anne Frank, Quarta-Feira, 5 de Abril de 1944.
Anne demonstrava esperança que pudesse seguir com sua vida após o fim da guerra. Infelizmente, pouco tempo depois, o esconderijo seria descoberto e ela não consegue sobreviver aos horrores dos campos de concentração nazistas.
Relacionamento com a Família
Anne Frank é filha de Edith Frank e Otto Frank. Ela tinha uma irmã três anos mais velha, chamada Margot. Em seus escritos, Anne relata um relacionamento difícil com sua mãe, a quem não descreve inicialmente com muita delicadeza.
Ao ler o diário de Anne, é difícil dar uma visão consolidada sobre seus familiares, pois apenas conseguimos compreender em parte sua visão sobre o que se passava no esconderijo, sendo suas palavras fruto de uma jovem menina em crescimento e em transformação, aprisionada com as mesmas pessoas, vivendo com medo.
Segunda Guerra Mundial e Holocausto
A Segunda Guerra Mundial foi marcada por um conflito global que aconteceu entre os anos 1939 e 1945, envolvendo as maiores potências bélicas da época. Os “lados” da guerra eram divididos entre os Aliados e o Eixo.
O conflito que dá início à Segunda Guerra é a invasão alemã na Polônia. Após este evento, a Alemanha começa a ocupar outros locais da Europa e a expandir sua dominação, sob o comando de Adolf Hitler.
O regime nazista culpava os judeus pelos problemas no país, os tratando como inimigos públicos do povo alemão. A propaganda do governo alemão pregava o ódio aos judeus e a qualquer pessoa que ameaçava o ideal de pureza do sangue ariano.
Esta política incorporada como ação prioritário pelo Estado Alemão deu início ao extermínio de seis milhões de judeus, o chamado Holocausto. Eles foram obrigados a deixar suas casas, seus negócios e famílias rumo a um destino de dor e sofrimento até a morte.
Outros grupos considerados impuros, como ciganos, homossexuais, deficientes, poloneses, entre outros, também foram enviados para campos de concentração e extermínio, onde todos os seus direitos eram deixados de lado.
Diário
Anne ganhou seu diário em 1942. Nele, escrevia os relatos do seu cotidiano com sua família e convivência próxima com outras pessoas. Nas páginas do diário estão confissões, pensamentos e sonhos de uma jovem no início de sua adolescência.
Após ouvir na rádio um apelo do ministro da Educação do governo holandês para que as pessoas mantenham seus diários e documentos de guerra, Anne decide reescrever seus diários individuais em uma história contínua, chamada de “Het Achterhuis” (“O Anexo Secreto”).
Morte
Os campos de concentração e trabalho escravo criados pelos nazistas são descritos como ambientes insalubres, onde a violência e a fome eram constantes. Quem não era escolhido para morrer em câmaras de gás logo na chegada, era submetido a terríveis jornadas de trabalho forçado, alojamentos superlotados e pouco caso com doenças. O genocídio praticado pelos nazistas foi considerado sem precedentes.
De acordo com os relatos, Anne contraiu sarna durante a prisão em Auschwitz. Sua aparência, cada vez mais fraca, foi se deteriorando com o tempo. Quando ela e sua irmã foram transferidas para Bergen-Belsen, sua mãe ficou para trás e morreu de fome.
Em 1945, uma epidemia de tifo atingiu o campo onde Anne estava, levando à sua morte e de outras milhares de pessoas. Sua irmã também sucumbiu à mesma doença. Otto foi o único sobrevivente da sua família e retornou à Holanda, onde foi abrigado pela família Gies.
Esconderijo de Anne Frank
Anne ficou abrigada no esconderijo da empresa Opekta Works dos doze aos quinze anos de idade, entre os anos 1942 e 1944. Junto com sua família, também ficavam no chamado “Anexo Secreto” a família van Pels e o dentista Fritz Pfeffer.
Hermann van Pels trabalhava na empresa de Otto, enquanto Fritz era um conhecido próximo da família Frank. Junto de Hermann vieram Auguste van Pels, sua esposa, e seu filho, Peter van Pels.
Para sobreviver no esconderijo, as famílias contavam com alguns ajudantes: Victor Kugler, Jan Gies, Miep Gies, Johannes Kleiman, Johan Voskuijl e Bep Voskuijl. Estas pessoas tiveram papel fundamental para manter as famílias Frank e Van Pels vivas, alimentadas e seguras durante os anos de fuga. Eles eram funcionários da empresa de Otto e pessoas do círculo de confiança da família.
Os ajudantes corriam um sério risco ao ajudar os Frank e os outros habitantes do esconderijo. O perigo de enfrentar o regime nazista e ajudar os perseguidos era muito sério, com penas de prisão e de morte. Apesar disso, apenas Victor e Johannes foram presos por terem acobertado as famílias no Anexo Secreto.
Aqui ficam duas curiosidades sobre os ajudantes do esconderijo: Johan Voskuijl foi quem construiu a estante que tampava a entrada para o Anexo Secreto onde Anne e sua família estavam escondidos. Miep Gies foi a pessoa que fez a guarda dos escritos de Anne e a entregou para Otto em julho de 1945.
Descoberta
O fatídico dia em que o esconderijo foi descoberto chegou em 4 de agosto de 1944. A polícia levou todos que ali estavam presos e um destino trágico começava a surgir no horizonte da maioria daquelas pessoas. Pouco tempo após a prisão, Otto foi mandado para um campo de concentração diferente de sua família, e nunca mais viu suas filhas e esposa.
Quem revelou o esconderijo?
Há muitas controvérsias e diferentes linhas de investigação sobre este tema, que, até hoje, é um verdadeiro mistério. Algumas pessoas são indicadas como as possíveis informantes do regime nazista, mas é difícil conseguir provar estas informações, tratadas como denúncia anônima na época.
Uma outra hipótese levantada por pesquisadores é que o esconderijo tenha sido encontrado “por acaso”, como parte de uma investigação sobre uma fraude na distribuição de cupons de alimentos.
Confira agora a linha do tempo da história de Anne Frank, elaborado pela fundação que gere o museu:
1929: Anne Frank nasce.
1933: Hitler e os nazistas chegam ao poder na Alemanha.
1934: Anne e sua família emigraram para Amsterdã e começaram uma nova vida em uma nova cidade.
1939: O início da Segunda Guerra Mundial, com a Alemanha invadindo a Polônia.
1942: Anne recebe um diário.
1942: A família Frank se esconde.
1944: As pessoas escondidas são descobertas e presas.
1945: Anne e Margot morrem no campo de concentração de Bergen-Belsen.
1945: A Alemanha se rende. A Holanda é libertada. Otto regressa a Amsterdam.
1947: O desejo de Anne se torna realidade: ‘Het Achterhuis’ (‘O Anexo Secreto’) é publicado.
1960: O antigo esconderijo vira museu: a Casa de Anne Frank.
Diários
Os diários vieram a público pela primeira vez em 1947, após o esforço de Otto para que o sonho de sua filha se tornasse realidade. O livro se tornou um grande sucesso e a história de Anne foi levada para o mundo todo.
Conheça agora algumas informações extras sobre os diários de Anne Frank.
Onde se encontra?
Os diários de Anne Frank, em sua versão original, estão disponíveis no museu onde ficava o esconderijo em Amsterdam, na Holanda. Você pode encontrar cópias em português do livro “O diário de Anne Frank” em diversas livrarias ou em sebos e bibliotecas públicas da sua cidade.
Para quem busca uma leitura diferente, há uma versão do Diário de Anne Frank produzida em quadrinhos por Ari Folman e David Polonsky.
Seções censuradas e controvérsias
A versão publicada por Otto Frank, em 1947, contém algumas partes editadas conforme o julgamento de seu pai de que não seria necessário publicizar algumas opiniões de sua filha sobre sua mãe, piadas e visões sobre sexualidade.
Teorias da conspiração de que os diários e manuscritos deixados por Anne não são reais são rebatidos com veemência pela Fundação que cuida de seu material e por especialistas que já analisaram profundamente os documentos. As declarações são vistas como tentativas de revisionismo histórico, negação do Holocausto, e como forma de reviver o sentimento antisionista. De tempos em tempos, políticos de extrema direita tentam reviver o tema em busca de repercussão para impulsionar sua visibilidade.
O Legado de Anne Frank
Atualmente, o legado de Anne é gerenciado pela Fundação Anne Frank, localizada em Amsterdam, na Holanda. Os membros da instituição cuidam do museu, recebem os visitantes, cuidam da coleção de pertences, criam material e educacional e pesquisam a história de Frank.
De acordo com a Fundação, cerca de 1,2 milhão de pessoas visitam o museu todos os anos, localizado no centro de Amsterdam, na Rua Prinsengracht, 263. O local fica aberto das nove da manhã às dez da noite, todos os dias, com exceção do Natal (25 de dezembro) e da véspera de ano novo (31 de dezembro).
O ingresso para conhecer a Anne Frank House custa 14 euros para adultos, 7 euros para adolescentes de dez a dezessete anos, e 1 euro para crianças de zero a nove anos.
Desde a publicação do livro, a história de Anne Frank já foi traduzida para setenta línguas e ganhou diversas adaptações para o cinema, televisão, teatro, histórias em quadrinhos e outras mídias. Algumas delas são:
O Diário de Anne Frank (1959) – drama
À Procura de Anne Frank (2021) – animação
#Anne Frank – Vidas Paralelas (2019) – documentário
Anne no Nikki (1995) – anime
Sótão: O Esconderijo de Anne Frank (1988) – filme para televisão
Você está estudando sobre a história de Anne Frank para o vestibular ou Enem? Se a sua resposta for sim, convidamos você a conhecer algumas faculdades reconhecidas pelo Ministério da Educação com ampla presença em várias cidades do Brasil, com cursos presenciais e EaD:
Se você não estiver estudando para o vestibular, também vale a pena dar uma bisbilhotada nos links acima. Afinal, o diploma de um curso superior ou uma pós-graduação podem ser o que está faltando para sua carreira decolar! Ah, e todas as faculdades que sugerimos possuem bolsas de estudo e condições de acesso facilitadas.
Gostou deste conteúdo? Envie o link para os seus amigos no WhatsApp ou poste este conteúdo nas redes sociais e ajude mais gente a conhecer a história de Anne Frank.
